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Qual a influência dos campos elétricos e magnéticos na saúde?

Os efeitos da exposição a campos magnéticos na saúde têm sido alvo de preocupação e suscitado a produção de estudos sobre o tema.

Campos magnéticos e campos elétricos estão ambos associados à presença da passagem de corrente elétrica e, portanto, é comum o uso do termo CEM para se referir às suas presenças. A avaliação dos efeitos na saúde, no entanto, refere-se mais frequentemente aos CM, uma vez que os materiais comuns de construção civil não bloqueiam a sua passagem, o que não ocorre com os campos elétricos.

 

 

O Campo Elétrico externo é fortemente atenuado dentro do corpo humano devido às propriedades da pele, que a tornam praticamente como uma blindagem contra a penetração do campo. A própria presença do corpo modifica as linhas de força do Campo Elétrico.
 

Qualquer tipo de barreira física (paredes, árvores, etc.) constitui uma boa blindagem para o Campo Elétrico. Os Campos Elétricos não penetram de forma significativa no corpo mas criam uma carga à sua superfície.

 

 

Para o Campo Magnético não se verifica o efeito de blindagem da pele, o que faz com que a sua penetração no corpo humano induza correntes elétricas no seu interior, variáveis de acordo com a resistividade e forma dos órgãos em causa, com as dimensões do corpo e outras caraterísticas individuais.

A exposição a campos magnéticos provoca a circulação de correntes no corpo.

 

 

 

As radiações eletromagnéticas dividem-se em:

 

  • RADIAÇÃO IONIZANTE (radiação alfa, beta, gama e raios x) - elevada frequência

 

Este tipo de radiações é  reconhecidamente perigosa; consegue penetrar no corpo humano e, para grandes intensidades, pode danificar órgãos internos e  tecidos, provocando danos nas moléculas do DNA.

 

Os efeitos biológicos relacionados a estas radiações são, entre outros, leucemias, cancros, cataratas, envelhecimento precoce e redução da fertilidade. Para além disso, estas radiações não só atingem um certo individuo, como também afetam as suas gerações futuras.

Por esse facto, existem protocolos bem estabelecidos para a realização de exames  e tratamentos médicos em que se utiliza este tipo de radiações, que minimizam os riscos dos pacientes e dos técnicos.

 

Não é esse o caso das radiações eletromagnéticas associadas ao uso dos equipamentos elétricos e das telecomunicações – radiações não ionizantes-  devido à  gama de frequências em que funcionam, mas que, apesar de tudo, têm efeitos sobre o organismo quando interagem com ele, mesmo  que não tenham consequências adversas.

  • RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTE (radiação ultravioleta, infravermelha, radio e micro-ondas.                                                                                                                                                                                                                                               A partir dos 5x103 V/m os campos elétricos são dados como intensos enquanto que para os campos magnéticos este valor é de 100x10-6 T.   Os efeitos biológicos relacionados à radiação não-ionizante podem ser térmicos ou não-térmicos.

 

Os efeitos térmicos são aqueles que resultam do aumento da temperatura dos tecidos biológicos (a água desses tecidos absorve a energia, aumentando assim a temperatura).

 

À medida que a temperatura do corpo aumenta, o organismo arranja maneira de equilibrar e remover essa temperatura em excesso. No entanto, se a temperatura subir mais de 1ºC, podem-se verificar queimaduras, hemorragias, alterações nas funções cerebrais e neuromusculares, lesões locais (por exemplo, os olhos), entre outros.

 

Os não-térmicos são aqueles que resultam da interferência entre as frequências dos processos eletroquímicos dos organismos biológicos com as frequências dos sistemas de comunicação móveis, como por exemplo, o telemóvel.

 

Entre as radiações não ionizantes estão as emissões produzidas pela corrente elétrica em frequência industrial (50Hz/60HZ) e as Radiofrequências (RF) que se referem à energia eletromagnética na gama de 3 kHz a 300 GHz aí incluídos os telemóveis que operam nas faixas de 3G (850 MHz-2100 MHz) e 4G (2500 MHz-2690 MHz), equipamentos de diagnóstico e procedimentos médicos e diversos tipos de eletrodomésticos como os fornos de Micro-ondas que trabalham na faixa de 2,45 GHz. 

 

Correntes elétricas da ordem dos 0,1 A podem provocar quebra do ritmo cardíaco e possível fibrilação ventricular. Para valores de  cerca de 1,2 mA a maioria das pessoas sentirá uma sensação de choque. O limiar para sentir um choque é variável de pessoa para  pessoa, mas situa-se normalmente próximo dos 0,3 mA (valor cerca de 2000 vezes superior ao que se estima percorrer o nosso corpo  quando nos situamos por baixo de uma linha de alta tensão).

 

Quanto ao campo magnético terrestre, por ser considerado estático, é comum pensar-se que não produz o efeito atrás referido. Na  verdade, o que provoca a existência de correntes elétricas induzidas não é a variação do campo magnético, mas sim a variação do fluxo  magnético, o que, mesmo num campo de valor constante, se pode conseguir com a variação da área exposta às linhas de campo.  Estima-se que um indivíduo a movimentar-se na zona do Equador à velocidade de 7,2 Km/h ficará sujeito a um campo elétrico induzido,  decorrente do campo magnético terrestre, da ordem dos 63μV/m, que é o valor estimado para o campo elétrico induzido no interior do  corpo humano pelo campo magnético de uma linha de alta tensão. Sublinhe-se ainda que o corpo humano, devido ao movimento dos  seus fluidos naturais eletricamente carregados, possui um campo elétrico da ordem dos 20 000μV/m.

     

 

Existem muitos estudos sobre possíveis consequências dos campos electromagnéticos na saúde humana, que analisam queixas  como dor de cabeça, depressão, ansiedade, insónia, infertilidade, doenças cardiovasculares, cancro, leucemia infantil, mas que não têm  normalmente chegado a resultados que evidenciem uma causalidade ou sejam replicáveis e passíveis de serem validados pela  comunidade científica. Por esse facto, organizações como a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam que se continue a investigar, realizando estudos de  carácter epidemiológico.

 

 


A posição da Organização Mundial de Saúde sobre os eventuais efeitos cancerígenos do campo magnético e, em geral, dos CEM de muito baixa frequência, é a seguinte (extraída da monografia publicada em Junho de 2007):


 

“… há incertezas sobre a existência de efeitos crónicos por parte dos Campos EletroMagnéticos de Baixa Frequência (CEMEBF), devido às limitadas provas existentes sobre a relação entre a exposição aos campos magnéticos da corrente e a leucemia infantil. Por conseguinte, autoriza-se o uso de medidas precaucionais.

 

É razoável e autoriza-se que se realizem outros procedimentos precaucionais apropriados à redução da exposição. No entanto, a energia elétrica comporta óbvios benefícios para a saúde, sociais e económicos, e as medidas precaucionais não os devem comprometer. Além disso, dada a fraqueza das provas de uma ligação entre a exposição aos campos magnéticos da

corrente e a leucemia infantil, assim como o seu impacto limitado na saúde pública se houver essa ligação, os benefícios para a saúde da redução da exposição não são claros.

 

Considerando o exposto, são feitas as seguintes recomendações:

 

Os políticos devem estabelecer guias para a exposição aos campos eletromagnéticos de baixa frequência tanto para o público em geral, como para os trabalhadores.

A melhor fonte de orientação, tanto para os níveis de exposição como para os princípios de avaliação científica, são os guias internacionais.

 

 

Os Governos e a indústria devem promover programas de investigação para reduzir a incerteza das provas científicas dos efeitos sobre a saúde da exposição aos CEMEBF.”


 

 

Consultando o site da Organização Mundial de Saúde (OMS), verifica-se que no seu banco de dados existem mais de 1.900 artigos científicos publicados sobre os efeitos biológicos na saúde dos campos eletromagnéticos, e mais de 630 estudos sobre radiofrequência especificamente associada às redes de telefones móvel.

Sobre este assunto a OMS afirma:

A principal conclusão das análises feitas pela OMS é que a exposição aos campos eletromagnéticos abaixo dos níveis estabelecidos pela ICNIRP não tem qualquer consequência conhecida sobre a saúde'"

 

"Já foram realizadas inúmeras pesquisas sobre os possíveis efeitos sobre a saúde da exposição a várias partes do espectro de frequência, incluindo telemóveis. Todas as pesquisas conduzidas até a presente data indicam que as exposições abaixo dos limites recomendados pelas diretrizes da ICNIRP (1998), abrangendo toda a frequência de 0 a 300 GHz, não produzem qualquer efeito adverso à saúde”.

 

Existem também outras instituições que efetuam pesquisas sobre campos eletromagnéticos e a saúde, como a Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency, a qual conclui:

“Basicamente, não há evidências de que a exposição às micro-ondas de telemóveis cause cancro e não há evidência de que tal exposição acelere o cancro preexistente. Recomendam-se mais pesquisas sobre esse assunto.

por outro lado afirma:
“Não há nenhuma evidência clara na literatura científica disponível de que a exposição aos campos eletromagnéticos, e em particular o uso dos telefones móveis representem alguma ameaça à saúde pública a longo prazo (embora a possibilidade de um pequeno risco não possa ser descartada).”

 

 

Especialistas como o Dr. António Vaz Carneiro, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, que se debruçam sobre este assunto  afirmam:

 "Apanha-se mais radiação eletromagnética num dia de praia ao sol do que a usar o telemóvel a vida inteira."

 

Os Níveis de Referência estabelecidos pela ICNIRP-International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection para a intensidade do Campo Elétrico e do Campo Magnético servirão de base para as recomendações europeias:

O Limite Básico para a população em geral (2 mA/m²) é cerca de 50 vezes inferior do limiar de percepção (100 mA/m²).

 

O Limite Básico para os trabalhadores do sector (10 mA/m²) é cerca de 10 vezes inferior ao mesmo limiar (100 mA/m²).

 

Garante-se desta forma a existência da margem de segurança suficiente para contemplar eventuais incertezas e imprecisões nos modelos e métodos de cálculo usados, assim como a grande variabilidade constitucional das pessoas (caraterísticas dos órgãos internos, idade, estado de saúde, etc.)

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